Escolhendo uma matriz ou padreador.
A maioria dos criadores começa a criação de uma forma meio inesperada, meio que por acaso. Normalmente porque comprou um gato persa, conheceu as características dele e se encantou pela raça. Nem sempre este gato tem o padrão ideal para ser o padreador (macho reprodutor) ou a matriz (fêmea reprodutora) do gatil. Nestes casos normalmente este gato acaba sendo castrado, tornasse o mascote do gatil e começa a busca pelos gatos que realmente serão os principais. Numa criação existem vários fatores que determinam os gatos que devemos adquirir.
Uma primeira escolha recai sobre a raça que iremos criar, existem duas raças que podem ser acasaladas com o persa: os exóticos e os himalaias. Essas três raças na verdade podem ser acasaladas entre si, possuem o mesmo padrão e as ninhadas conterão sempre gatos de raça e com direito a pedigree. Em algumas entidades felinas como a CFA e a FIFe os himalaias são considerados uma divisão da raça persa, em outras como a TICA eles são considerados uma raça a parte. Já no caso dos exóticos eles podem ter cores normais como os persas ou serem ponteados como os himalaias.
Após este período começam os acasalamentos e os nascimentos, uma fêmea de Persa pode gerar em torno de 1 a 5 filhotes, podendo ocorrer em alguns casos o nascimento de 6 ou 7 filhotes, mas isso é muito pouco freqüente, ficando a média em torno de 4 filhotes. Destes filhotes, nem sempre todos sobrevivem, porque os persas por suas características físicas, são gatos mais sensíveis. As fêmeas nem sempre conseguem parir de forma natural, algumas precisam de cesareana, outras tem partos complicados onde os filhotes nascem invertidos e demoram a sair, alguns após o nascimento podem ficar com alguma seqüela do parto e podem morrer nas primeiras horas. A maioria dos criadores desta raça acompanha pessoalmente cada parto e precisa auxiliar todo o procedimento .
Após a escolha da raça, devemos pensar nas cores que gostaríamos de trabalhar. Isso porque algumas cores não devem ser acasaladas entre si como no caso dos bicolores com os ponteados (himalaias e exóticos). E também para saber qual a predominância de cores que desejamos ter entre nossos filhotes.
A terceira escolha e a mais importante, diz respeito ao padrão do gato escolhido. Existe um padrão determinado pelas entidades felinas que descreve como deve ser um gato, as qualidades desejadas e os defeitos ou características indesejadas. Este padrão ou standard é que deve guiar a escolha de nossos gatos. Não existe gato perfeito, sempre haverá algo que poderia ser melhorado, mas existem gatos bem próximos do ideal. Como criadores temos quase que a obrigação de procurar melhorar sempre a qualidade e padrão de nossos gatos, ter consciência na escolha dos que servem para criação ou que se destinam a estimação. Lembro que isto não é uma discriminação, todos eles independente de padrão, de terem ou não uma raça definida, merecem nosso carinho, nosso respeito e nossa dedicação. É fundamental que possuam muito mais as características positivas do que as negativas.
Os padreadores requerem um cuidado ainda maior na sua escolha, pois um gato macho será levado a todas as nossas fêmeas e terá seu tipo impresso com maior freqüência, em todos os resultados do gatil. Já na escolha das fêmeas podemos ter um pouco mais de flexibilidade e ponderar determinadas características em prol de outras.
Em resumo, quando optamos por criar gatos de raça, devemos levar em consideração muito fatores e ter consciência das responsabilidades que isso implica. Nas opções acima não ponderei a questão de saúde, apenas as características físicas desejadas. Mas é imprescindível levarmos em conta na hora da escolha, e isso serve também para a aquisição de um gato de estimação, suas condições gerais de saúde tanto em nível de vacinações e vermifugações, o ambiente em que vive e principalmente o controle de determinadas doenças virais ou genéticas.
(Artigo escrito por Mel Borges)
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