Antipático, eu?
O gato foi adorado, idolatrado e endeusado por muitos povos e culturas. Seus primeiros admiradores foram os Egípcios que associaram sua imagem as deusas Pasht e Bast. Os Romanos o associaram a divindades como Diana e Vênus, os Gregos o associaram à Afrodite, no hinduísmo foi associado à deusa Shosti, na cultura celta a deusa Cerridwen, e tantos outros mais.
Suas habilidades fizeram com que fosse protegido no séc. X por leis promulgadas pelo Príncipe de Gales e idolatrado no Sec. XII por ajudar os Europeus no combate aos primeiros sinais da peste Bubônica, mas isso não o impediu de ser perseguido e antipatizado.
A perseguição a sua figura fortificou-se com a Santa Inquisição e se intensificou quando os povos germânicos o associaram à deusa Freya, através de cultos pagãos. Sua quase extinção atingiu seu ápice lá pelo séc. XV no período de caça as bruxas. Mesmo nesse período ele permaneceu idolatrado em alguns países e culturas, com isso a igreja passou a tolerar sua presença e acabou abolindo no séc. XVII as leis de feitiçaria ao qual ele também era associado.
No início do séc. XVIII ele finalmente começou a reaparecer e passou a ser protegido novamente por povos que o importavam para controlar pragas de roedores. Lá pela metade do século ele já era apreciado e admirado por muitos. Um de seus admiradores na época era Isaac Newton que acabou inventando a portinhola, usada até hoje, para permitir sua entrada e saída de casa com liberdade.
Em 1822 a Inglaterra aprovou as primeiras leis anti-crueldade e fundou as primeiras organizações em sua defesa e de outros animais. Neste período em Londres ele era um modismo que levou muitos famosos a tê-lo como companhia, entre eles: Frederico, o Grande e Winston Churchill.
Os Estados Unidos seguiram os passos de Londres e sua presença tornou-se tradição na Casa Branca: George Washington, Abraham Lincoln, Rutherford, Theodore Roosevelt e até Bill Clinton o tiveram como companhia.
Em meio a essa reassunção eles foram pintados, citados, estudados e amados por pessoas dotadas de talento e sensibilidade presentes na história, tais como: Mendel (o pai da genética), Victor Hugo, Charles Baudelaire, Mark Twain, Pablo Neruda, Chopin, Liszt, Monet, Renoir…
Acredita-se que a sua domesticação começou por volta de 3000 a.C. no Egito com o objetivo de controlar as pragas que consumiam os estoques de alimentos. Deste período até os dias atuais ele foi idolatrado e protegido, perseguido e dizimado, colaborou com a saúde humana, inspirou e comoveu artistas, chegou até nossos quintais, conquistou nossa afeição e o direito de compartilhar dos nossos lares.
Foi uma conquista demorada e gradativa, que ainda hoje encontra resistência em certas pessoas que o consideram antipático, por assim dizer. Muito provavelmente estas pessoas nunca tiveram a oportunidade de conviver realmente com ele e conhecer a sua essência, do contrário já teriam mudado de opinião.
Por sorte o número de seus seguidores e apaixonados aumenta diariamente, hoje na Inglaterra e nos Estados Unidos o seu número já ultrapassa a população canina e essa tendência vem sendo seguida de perto por outros países. Acredito que isso esteja acontecendo simplesmente porque ele é um ser extraordinário, dotado de uma beleza selvagem e enigmática, de uma personalidade única e independente e que sabe sim ser um grande amigo e companheiro.
Há muito tempo atrás Lord Byron já havia proclamado a superioridade do GATO em relação ao homem dizendo: “Ele possui a beleza sem a vaidade, a força sem a insolência, a coragem sem a ferocidade, todas as virtudes do homem sem os vícios.”
Se você ainda o considera Antipático não sabe o grande amigo que está perdendo!